sábado, 15 de outubro de 2011

Não escolhi ser professora...

...mas aos 13 anos me vi matriculada pelo meu pai no curso de Magistério, sem a mínima ideia do que era o curso.
Não escolhi ser professora.Não sabia o que e porque estava ali. Me senti perdida, obrigada a fazer algo que nem sabia o que era.
No primeiro ano do curso não gostei e muitas foram as vezes que chorei de frustração, de medo, de angústia (sempre fui chorona...) porque não tinha outra escolha, meu pai havia decidido e não havia argumento ou discussão. Era lei. Desacato ou nota baixa não eram perdoadas.
No segundo ano conheci as didáticas (disciplina que ensina como dar aula de determinada matéria), ou melhor,  a Didática da Alfabetização. Me encantei com a narrativa da minha professora, de como era bela a descoberta da escrita e da leitura, de como era linda a construção dessa caminhada de "alfabetizar". 
Chorei novamente, mas dessa vez de emoção em descobrir que eu não estava ali por acaso. Eu estava ali para aprender a ser alfabetizadora.
A partir daí, meu olhar tomou um rumo diferente. As aulas de DA eram esperadas com ansiedade, minhas notas (que sempre foram muito boas) tornaram-se excelentes, meu amor por ensinar ia crescendo dentro de mim e eu nem me dava conta.
No terceiro ano, já era a "pupila" da minha professora de Didática da Alfabetização. Estreitei meus laços com o universo das cartilhas e metodologias, com Paulo Freire* e Emilia Ferrero*.
Tanto pedi e implorei à Supervisão do Curso, que consegui fazer meu estágio com uma turma de primeira série (naquela época, só nas turmas de 2ª, 3ª e 4ª série era permitido estagiar) numa das escolas mais tradicionais da minha cidade (olha a pretensão da louca!!!). A professora titular foi quem me alfabetizou e eu, como sua estagiária, tive a missão de  alfabetizar o filho dela! História que até hoje me surpreendo!
Me formei e já sonhava em lecionar, ensinar crianças a conhecerem esse rico universo da leitura e da escrita. Me empenhei muito pra isso, estudando, fazendo concurso. Passei já no primeiro... Minha primeira turma de verdade foi de 1ª série, e lá se vão 19 anos de alfabetização. Parece que foi ontem que aquela Carla menina e insegura iniciou sua trajetória de alfabetizadora. Hoje, sinto-me orgulhosa de poder dizer que segui o caminho que escolhi para minha carreira, que alfabetizar continua sendo minha paixão e meu desafio profissional, que mesmo diante de tanta dificuldade e olhares tortos à Educação Brasileira, não perdi o encanto nem a coragem de fazer a minha parte, a minha diferença. Porque amo o que faço e faço com amor, e cada criança que passou pela minha vida aprendeu muito comigo, mas me ensinou mil vezes mais.
Queridos colegas professores, Parabéns pelo Nosso dia!

*Teóricos da Educação que desenvolveram metodologias de alfabetização

Obrigada por visitar meu bloguinho!

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